top of page

Mulher Maravilha acerta em cheio na personificação da heroína clássica

  • Sílvio Tavares
  • 7 de jun. de 2017
  • 2 min de leitura

A nova adaptação do universo DC é um filme leve, com cores que não tendem a sombriedade todo o tempo e é extremamente cuidadoso com seus personagens e motivações.


A concepção de qualquer herói envolve a ferocidade do ser humano em adequar seu complexo imaginário à resolução de problemáticas cuja dinâmica envolve algo além de seus domínios e independe de ações contrárias individuais para se perpetuarem pelas limitações inerentes à composição biológica do Homem.


Através dos tempos, a criação de deuses mitológicos dotados de poderes extraordinários e imortalidade (uma poderosa exemplificação do anti-natural, que poderia proporcionar a eternidade da maior das dádivas: a vida) envolve uma potente cadeia de símbolos que dialoga com elementos de poder e ambiguidade, uma vez que não somos imunes à características consideradas negativas pela sociedade e os bons costumes quando consideramos benefícios individuais.


Consciente das implicações psicológicas de ícones de poder capazes de resolver (ou conceber) os problemas nas quais lidamos em nível global e seu diálogo com a impotência e a carência de líderes, o filme de Patty Jenkins dialoga nos três níveis, separados hipoteticamente pelo tempo ou espaço: a era dos grandes deuses mitológicos; a transformação dos deuses na era moderna em ícones irreais, mas afeitos e incorporados a um universo real - os heróis em si, ainda dotados de poderes sobre-humanos presentes em nossa realidade; e finalmente a "morbidificação" da transfiguração da desesperança em ícones monstruosos de caráter ambíguo ainda mais próximos da realidade, que justifica a ascensão de líderes bizarros de ideais febris, violentos e desconexos, mas detentores de um poder quase infinito submisso ao monopólio da violência e da governança que conduzem os exércitos e o governo central.


Nesse intercâmbio surge a heroína que dialoga entre os universos como instrumento de compreensão da transfiguração simbólica dos elementos fundamentais que caracteriza todas essas realidades simultaneamente, sem perder de vista elementos típicos de sua personalidade, o que lhe confere extrema beleza. Assim, ela continua sendo linda, pura, inocente, divertida e repleta de ideais belíssimos (sem contar os subtextos vinculados à figura da mulher, o caráter protetivo, etc) como uma figura idealizada, inconcebível no real, invulnerável ao mal do mundo e dotada de um brilho elementar, celestial...enfim, uma heroína na acepção da palavra.


Mulher Maravilha é um filme leve, com cores que não tendem a sombriedade todo o tempo e é extremamente cuidadoso com seus personagens e motivações, muito embora não apresente um espectro amplo psicológico de seus passados (exceto a protagonista). A inevitável batalha final compreende o vínculo entre os 3 universos e é muito bem trabalhada. Divertidíssimo. Ainda assim, há muito a se falar da história e de seus elementos, mas paramos por aqui para o texto não se estender demais.


Lindíssima fotografia, ótimas atuações e alguns problemas de linguagem que não fazem tanta diferença no final. Não é preciso ser cult, intelectual ou sofisticado nos diálogos para ser um filmaço. Isto é cinema.

コメント


 POSTS recentes: 
 procurar por TAGS: 
nos sigam nas redes sociais
  • Facebook B&W
  • Twitter B&W
  • Instagram B&W

© 2023 por Pitstop Cultural. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook B&W
  • Twitter B&W
  • Instagram B&W
bottom of page